domingo, 24 de março de 2013

Balanço de 2012



2012 não foi um ano com tantas mudanças quanto eu esperava, mas as mudanças que aconteceram foram essenciais. De janeiro a junho posso resumir em planejamento, expectativa, angustia e impaciência. Queria sair do emprego, mas não podia enquanto minha vida financeira não estivesse 100% organizada, então os seis primeiros meses foram em cima de trabalho e organização.

Em julho atingi a meta e pedi minha demissão. Saí tranquilamente, de coração aberto e sem olhar para trás. Sinto orgulho por ter trabalhado naquela organização por cinco anos e fazer parte da história da comunicação da entidade. Mas depois desses cinco anos eu precisava de mais e maiores desafios.

Com os seis meses de organização consegui ficar desempregada por opção e matei algumas vontades: fiz uma tatuagem, dei-me dois meses de férias, viajei para Buenos Aires, aperfeiçoei o espanhol, conheci gente interessantíssima, fiz amigos, vivi momentos únicos e terei perfeitas lembranças e histórias para a vida toda. Viajar sozinha me ajudou a crescer, a me conhecer melhor e a entender um pouco mais do mundo ao meu redor. Foi uma experiência e tanto!  

A partir de setembro comecei a procurar emprego e o consegui em outubro. Com otimismo e oração fiquei desempregada pouco tempo. Em novembro iniciei em uma empresa nacional que é referência em sua área. Não posso dizer que cheguei onde queria, pois conseguir o emprego foi só o começo, ainda tenho muito trabalho e muitas realizações para serem conquistadas daqui para a frente. Mas posso dizer que o primeiro passo já foi dado!

Não comprei meu carro, não sai da casa dos meus pais, não encontrei o amor da minha vida. Por isso digo que não tive tantas mudanças quanto esperava e por isso mesmo as que existiram foram essenciais! Daqui para a frente, os outros objetivos são uma questão de meta e tempo. Metas para os objetivos financeiros e tempo para o coração!

Minha vida sentimental ficou sem grandes explosões nesse ano, deixei o tal do coração de lado. Foram romances terminados antes de começar ou boicotados antes mesmo de poder dizer que existiram. Não houve os fogos de artifício que a gente espera, então supus que não havia história pra ser começada.

Houve expectativa? Sim, houve e muita! Expectativa de uma visita inesperada, de cruzar os olhos com alguém e descobrir ali uma grande história. Como também houve o medo de já ter vivido essa história e ter a jogado fora ou de já ter conhecido esse grande amor e tê-lo deixado passar. Foram essas e outras dúvidas que pairaram no meu pensamento durante o ano e nenhum vento forte ou tempestade jogou-as para longe.

O coração ficou ali quieto, silencioso, um pouco medroso. Talvez eu precisasse mesmo dessa pausa, desse tempo, pra me entender, pra saber exatamente o que eu quero pra mim e não perder mais tempo, nem o meu e nem o dos outros.

Quem sabe 2013 reserve todas as mudanças que eu espero ou quem sabe ainda melhores do que as que eu espero, é o meu sincero desejo!!!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Minha relação com as letras

Quem me conhece sabe que eu tenho paixão por leitura. Por mim, eu moraria em uma biblioteca ou perfumaria minha casa com cheiro de livro novo. Quando passo em frente a uma livraria é inevitável uma rápida olhada nos lançamentos. Não tenho a quantidade de livros que gostaria na minha estante, nem sempre tive muito dinheiro para investir em livros, mas tive a sorte de descobrir as bibliotecas públicas bem cedo na minha vida.

Confesso que já fui do tipo que exorcizava alguns tipos de leituras como autoajuda ou essas trilogias de romances juvenis que viraram moda. Mas parei de julgá-los [os livros] quando percebi que meus próprios amigos os liam. Preferi me converter a filosofia do "o importante é ler, seja lá qual for a leitura”.

Conheci o encanto das letras quando minha mãe lia para eu dormir um livro de parábolas, antes mesmo de eu aprender a ler. Era uma moral da história por dia para mim e uma oportunidade para minha mãe ser criativa na educação. Cada vez que eu pensava em mentir quando criança, lembrava do garoto que mentia tanto e o tempo todo e que na única e última vez que falou a verdade, gritando por socorro enquanto se afogada, não teve atenção de ninguém, pois todos pensaram que fosse outra de suas mentiras.

Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, respondia: escritora. Hoje eu penso, que criança no mundo responde "escritora" para tal pergunta? Na intenção de tornar verídico o desejo ainda criança eu escrevia poemas, poemas infantis, lógico. Os temas variavam entre a abelhinha curiosa, sorvete de arco-íris e as flores mal criadas. Em meio a uma de nossas mudanças de endereço esses manuscritos com direito a ilustrações da autora se perderam. Quem dera minha mãe tivesse guardado essas modestas e coloridas folhinhas.

Certa vez, na faculdade, um conhecido e premiado autor ministrou aula de redação para a minha turma. Critovam Tezza é seu nome. Que alegria ter aula com um autor de verdade, pensava eu e concluía que deveria sugar o máximo de sua experiência naquelas aulas. Um dia, o professor deu um trabalho para aqueles alunos, entregou uma lista de cem livros e pediu que em duplas escolhêssemos uma daquelas obras e criativamente contássemos a história para a turma.

Eu e minha dupla, não lembro bem por qual motivo, escolhemos "Cem Anos de Solidão", do Gabriel García Marquez. Para a apresentação, como muitas das demais duplas, pensamos no óbvio: montar uma peça de teatro. Porém, um dia antes da apresentação, tínhamos o figurino e não tínhamos as cenas prontas. Lembro que sentei na mesa do quarto de um ex-namorado e comecei a escrever sobre o livro. Resultado: contei as quase quatrocentas páginas do livro em um poema de doze estrofes com quadras de versos rimados. Orgulho de responder “SIM” quando o professor perguntou se fomos nós mesmas que escrevemos o poema depois do recitá-lo para a classe.

O prazer imensurável da leitura me trouxe também a coragem de escrever, sejam os poemas infantis ou esses posts no blog. Aqui, posso escrever sobre qualquer coisa, sem a pretensão de que milhões leiam ou de tornar-me uma blogueira famosa. Escrever pra mim é uma forma de terapia e eu escrevo o tempo todo, independe de postar no blog ou não. Sentar para escrever é mais barato que sentar em um divã. Expor emoções, sentimentos em forma escrita é melhor e mais divertido que ler um livro de autoajuda, ao menos para mim.

O último livro que li e me emocionou muito foi Cuentos de Eva Luna, de Isabel Allende. Sou muito fã de escritores latinoamericanos, considero esse realismo fantástico deles sensacional. Aproveitei a minha viagem para Buenos Aires nesse ano e comprei várias obras em espanhol: Allende, García Marquez, Benedetti e Cortázar. E por falar em Buenos Aires, todos devem conhecer o El Ateneo, um teatro/livraria lindíssimo. Na lista “coisas para se fazer antes de morrer” está "visitar livrarias dignas da paixão pela leitura".

Enfim, assim como as morais das histórias contadas pela minha mãe, assim como completar a leitura da lista de livros indicada pelo Tezza que também entrou para a lista das “coisas para se fazer antes de morrer”, tenho certeza que podemos tirar grandes recompensas desses nossos companheiros. Como diz a propaganda do American Express "Com ele posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, conhecer gente interessante, mesmo estando sozinha. Cada página que eu viro é uma nova porta que se abre, é um novo lugar que eu entro".

Agora, vou voltar para o meu Arturo Bandini!

Beijos

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Moça urbana vai para o interior

Nesse feriado de 12 de outubro, dia da padroeira do Brasil, quando se comemora o dia das crianças, eu me dei de presente uma viagem para o interior de Santa Catarina, um lugar que me deu boas histórias da minha infância. Na verdade, eu não me dei de presente, me deram. Minha mãe na saudade da terra natal e da família me levou na bagagem.

Eu confesso que não tenho muita paciência para o interior e que três dias é o máximo de tempo que consigo passar entre plantações e animais. Porém, quando era criança, a vontade dos meus pais prevalecia sobre a minha e eu ainda não conhecia computador, então passava boa parte das férias em meio às plantações de fumo, pinus e eucalipto.

Itaiópolis, norte de Santa Catarina, fica pertinho de Mafra, adjunta ao rio que divide os estados do Paraná e Santa Catarina. Tem cerca de 20 mil habitantes e sua economia é movida por madeira, erva mate e fumo. Infelizmente, depois de adulta, descobri que as gigantescas plantações de pinus e eucaliptos que me encantavam e ao mesmo tempo me assombravam quando criança, hoje somente preenchem a predação dos recursos naturais da região. Uma pena!

Minha avó morava nas proximidades da cidade. Hoje, visito apenas um tio que possui um sítio na região. Infelizmente, se a família não é unida todos acabam se afastando depois da morte dos anciãos. São três horas viajando de carro em estrada de terra a partir do centro de Itaiópolis até encontrar o sítio. Chegando lá, os labradores vêm nos receber no portão. Os novilhos são recolhidos ao anoitecer e o papagaio falante, no meio da sala, fica tímido com a presença de estranhos.
Plantação de fumo

Lá, se o marido ou esposa morre, rapidinho os viúvos se casam novamente. A diversão dos mais velhos é contar quem morreu, quem está vivo e quais doenças afligiram os sobreviventes. Eles acordam às 5h30 da manhã para ir à roça, minha tia só pára poucos instantes para compartilhar o chimarrão, fora isso, intercala o preparo do café da manhã, almoço, café da tarde e janta com as rotinas da roça. Tenho a impressão que ela passa o dia todo cozinhando e ela faz isso com uma habilidade e rapidez impressionantes.

Meus primos me fazem parecer uma suíça. Tratam-me como se eu fosse riquíssima e menosprezasse tudo que é do interior. Para eles, minha cerveja custa noventa reais e meu shampoo é de ouro. Mas eles sabem que não sou uma pessoa arrogante e tudo acaba virando uma grande piada. Mal sabem eles que a casa que eles moram no sítio equivale a duas da minha e que aqui na cidade moramos empilhados uns em cima dos outros.

Dei azar, o tempo estava chuvoso e não consegui visitar as redondezas e ver todo seu verde, seus lagos e seus animais. Não consegui andar à cavalo, tirar leite de vaca, recolher os ovos das galinhas, dar comida aos porcos, colocar o fumo pra secar, coisas que eu fazia nas férias da infância no interior. O programa foi o rodizio do chima, botar a conversa em dia em meios as várias refeições carinhosamente preparadas e assistir Rodrigo Faro na TV com meus tios e primos. Não preciso citar que não tinha internet, muito menos sinal de celular.

Percebi como eles são felizes com pouco, porém esse pouco é totalmente suficiente. Eles não precisam de roupa de marca, de cafés especiais, de chocolates finos, de restaurantes chiques, de cerveja importada e tudo para eles é motivo de risadas. São felizes, ao natural, literalmente! Percebi como nós somos frescos e fúteis e como não valorizamos as coisas que estão na nossa frente. O alface que comemos, a carne assada que preparamos, o queijo dos nossos sanduíches, até mesmo o cigarro que fumamos. Tudo tem origem da terra e mal sabemos que a cinco horas de Curitiba, ou menos, tudo isso é produzido para nosso bem estar.

Imitamos ironicamente as pessoa que falam com o sotaque do interior, sem nos darmos conta que se não fossem eles sabe Deus o que estaríamos comendo agora. Já pensou se todos os agricultores do mundo resolvessem fazer greve, mudar de rumo, tentar a sorte na cidade grande?

Fato, quem não foi criado na rotina deles não se acostuma. Eu mesma, não consigo ficar muito tempo no sítio meu tio, por mais lindo e receptivo que seja. Mas quero deixar registrado aqui no blog os meus agradecimento à eles, meus tios e primos, por nos receber tão bem e à todos os agricultores do mundo pelo alimento de cada dia. Ainda bem que existe vida no interior!